sexta-feira, 13 de abril de 2012




MACONHA
THC (Tetraidrocanabinol)
Hashishi, Bangh,Ganja, Diamba,
Marijuana, Marihiana


Definição e histórico
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A maconha é o nome dado aqui no Brasil a uma planta chamada cientificamente de
Cannabis sativa. Em outros países, ela recebe diferentes nomes, como os mencionados
no título deste capítulo. Já era conhecida há pelo menos 5000 anos, sendo utilizada
quer para fins medicinais, quer para “produzir risos”. Talvez a primeira menção
da maconha em nossa língua tenha sido em um escrito de 1548, no qual está dito
no português daquela época: “e já ouvi a muitas mulheres que, quando hião ver
algum homem, para estar choquareiras e graciosas a tomavão”.
Até o início do século XX, a maconha era considerada em vários países, inclusive
no Brasil, um medicamento útil para vários males. Mas também já era utilizada
para fins não-médicos por pessoas desejosas de sentir “coisas diferentes”, ou mesmo
que a utilizavam abusivamente. Em conseqüência desse abuso, e de um certo exagero
sobre seus efeitos maléficos, a planta foi proibida em praticamente todo o
mundo ocidental, nos últimos 50 a 60 anos. Mas, atualmente, graças às pesquisas
recentes, a maconha (ou substâncias dela extraídas) é reconhecida como medicamento
em pelo menos duas condições clínicas: reduz ou abole náuseas e vômitos
produzidos por medicamentos anticâncer e tem efeito benéfico em alguns casos de
epilepsia (doença que se caracteriza por convulsões ou “ataques”). Entretanto, é
bom lembrar que a maconha (ou as substâncias extraídas da planta) tem também
efeitos indesejáveis que podem ser prejudiciais.
O THC (tetraidrocanabinol) é uma substância química fabricada pela própria
maconha, sendo o principal responsável pelos efeitos desta. Assim, dependendo da
quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo com solo, clima, estação
do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso), a maconha
pode ter potência diferente, isto é, produzir mais ou menos efeitos. Essa variação
nos efeitos depende também da própria pessoa que fuma a planta, pois todos sabemos
que há grande variação entre as pessoas, e de fato, ninguém é igual a ninguém!
Assim, a dose de maconha insuficiente para um pode produzir efeito nítido em
outro e até forte intoxicação em um terceiro.

Efeitos da maconha
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Para o bom entendimento, é melhor dividir os efeitos que a maconha produz sobre
o homem em físicos (ação sobre o próprio corpo ou partes dele) e psíquicos (ação
sobre a mente). Esses efeitos sofrerão mudanças de acordo com o tempo de uso que
se considera, ou seja, os efeitos são agudos (isto é, quando decorrem apenas algumas
horas após fumar) e crônicos (conseqüências que aparecem após o uso continuado
por semanas, ou meses ou mesmo anos).
Os efeitos físicos agudos são muito poucos: os olhos ficam meio avermelhados
(o que em linguagem médica se chama hiperemia das conjuntivas), a boca fica seca
(e lá vai outra palavrinha médica antipática: xerostomia – é o nome difícil que o
médico dá para boca seca) e o coração dispara, de 60 a 80 batimentos por minuto
pode chegar a 120 a 140 ou até mesmo mais (taquicardia).
Os efeitos psíquicos agudos dependerão da qualidade da maconha fumada e da
sensibilidade de quem fuma. Para uma parte das pessoas, os efeitos são uma sensação
de bem-estar acompanhada de calma e relaxamento, sentir-se menos fatigado,
vontade de rir (hilariedade). Para outras pessoas, os efeitos são mais para o lado
desagradável: sentem angústia, ficam aturdidas, temerosas de perder o controle
mental, trêmulas, suadas. É o que comumente chamam de “má viagem” ou “bode”.
Há, ainda, evidente perturbação na capacidade da pessoa em calcular tempo e
espaço e um prejuízo de memória e atenção.
Assim, sob a ação da maconha, a pessoa erra grosseiramente na discriminação
do tempo, tendo a sensação de que se passaram horas quando na realidade foram
alguns minutos; um túnel com 10m de comprimento pode parecer ter 50 ou 100m.
Quanto aos efeitos na memória, eles se manifestam principalmente na chamada
memória a curto prazo, ou seja, aquela que nos é importante por alguns instantes.
Dois exemplos verídicos ajudam a entender esse efeito: uma telefonista de PABX em
um hotel (que ouvia um dado número pelo fone e no instante seguinte fazia a ligação),
quando sob ação da maconha, não era mais capaz de lembrar-se do número
que acabara de ouvir. O outro caso é o de um bancário que lia em uma lista o número
de um documento que tinha de retirar de um arquivo, e que sob ação da maconha
já havia esquecido o número quando chegava em frente ao arquivo.
Pessoas sob esses efeitos não conseguem, ou melhor, não deveriam executar
tarefas que dependem de atenção, bom senso e discernimento, pois correm o risco
de prejudicar outros e/ou a si próprio. Como exemplo disso: dirigir carro, operar
máquinas potencialmente perigosas.
Aumentando-se a dose e/ou dependendo da sensibilidade, os efeitos psíquicos agudos
podem chegar até a alterações mais evidentes, com predominância de delírios e
alucinações. Delírio é uma manifestação mental pela qual a pessoa faz um juízo errado
do que vê ou ouve; por exemplo, sob ação da maconha uma pessoa ouve a sirene de
uma ambulância e julga que é a polícia que vem prendê-la; ou vê duas pessoas conversando
e pensa que ambas estão falando mal ou mesmo tramando um atentado contra
ela. Em ambos os casos, essa mania de perseguição (delírios persecutórios) pode levar
ao pânico e, conseqüentemente, a atitudes perigosas (“fugir pela janela”, agredir como
forma de “defesa” antecipada contra a agressão que julga estar sendo tramada). Já a alucinação
é uma percepção sem objeto, isto é, a pessoa pode ouvir a sirene da polícia ou ver duas pessoas conversando quando não existe nem sirene nem pessoas. As alucinações
podem também ter fundo agradável ou terrificante.
Os efeitos físicos crônicos da maconha já são de maior gravidade. De fato, com
o uso continuado, vários órgãos do corpo são afetados. Os pulmões são um exemplo
disso. Não é difícil imaginar como ficarão esses órgãos quando passam a receber
cronicamente uma fumaça que é muito irritante, dado ser proveniente de um
vegetal que nem chega a ser tratado como o tabaco comum. Essa irritação constante
leva a problemas respiratórios (bronquites), aliás, como ocorre também com o
cigarro comum. Mas o pior é que a fumaça da maconha contém alto teor de alcatrão
(maior mesmo que na do cigarro comum) e nele existe uma substância chamada
benzopireno, conhecido agente cancerígeno; ainda não está provado cientificamente
que o fumante crônico de maconha está sujeito a adquirir câncer dos pulmões
com maior facilidade, mas os indícios, em animais de laboratório, de que
assim pode ser são cada vez mais fortes.
Outro efeito físico adverso (indesejável) do uso crônico da maconha refere-se à
testosterona. Esta é o hormônio masculino que, como tal, confere ao homem maior
quantidade de músculos, voz mais grossa, barba, e também é responsável pela fabricação
de espermatozóides pelos testículos. Já existem muitas provas de que a maconha
diminui em até 50 a 60% a quantidade de testosterona. Conseqüentemente,
o homem apresenta um número bem reduzido de espermatozóides no líquido espermático
(em medicina essa diminuição chama-se oligospermia), o que leva à infertilidade.
Assim, o homem terá mais dificuldade de gerar filhos. Esse é um efeito que
desaparece quando a pessoa deixa de fumar a planta. É também importante dizer
que o homem não fica impotente ou perde o desejo sexual, mas apresenta esterilidade,
isto é, fica incapacitado de engravidar sua companheira. Há ainda a considerar
os efeitos psíquicos crônicos produzidos pela maconha. Sabe-se que seu uso continuado
interfere na capacidade de aprendizagem e memorização e pode induzir a
um estado de amotivação, isto é, não sentir vontade de fazer mais nada, pois tudo
fica sem graça e sem importância. Esse efeito crônico da maconha é chamado de síndrome
amotivacional. Além disso, a maconha pode levar algumas pessoas a um
estado de dependência, isto é, elas passam a organizar sua vida de maneira a facilitar
seu vício, e tudo o mais perde seu real valor.
Finalmente, há provas científicas de que se o indivíduo tem uma doença psíquica
qualquer, mas que ainda não está evidente (a pessoa consegue “se controlar”) ou
a doença já apareceu, mas está controlada com medicamentos adequados, a maconha
piora o quadro. Ou faz surgir a doença, isto é, a pessoa não consegue mais “se
controlar”, ou neutraliza o efeito do medicamento e ela passa a apresentar novamente
os sintomas da enfermidade. Esse fato tem sido descrito com freqüência na
doença mental chamada esquizofrenia. Em um levantamento feito entre estudantes
do ensino fundamental e do ensino médio das dez maiores cidades do país, em
1997, 7,6% declararam que já haviam experimentado maconha e 1,7% declararam
fazer uso dela pelo menos seis vezes por mês.


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