OS
EFEITOS DA CO-DEPENDÊNCIA NOS PAPEIS FAMILIARES
Os Co-dependentes
assumem certos papeis ou estereótipos dentro da família. De uma forma branda
eles se desenvolvem dentro das famílias: O herói, o bode expiatório, a criança
perdida, o mascote, o facilitador. Para as pessoas que vivem a situação da
família disfuncional, esses papeis servem para se adaptar ao mecanismo, um modo
de continuar vivendo sem se aborrecer tanto. Eles se tornam padrões de
comportamento irracionais e rígido, facilmente visíveis para as pessoas de fora
e a família e irreconhecíveis para as questões de dentro.
·
O
Herói – É aquele que conserta tudo, é o cola tudo. Ele mantém a família
disfuncional “Funcionando” e faz tudo que os pais conseguem fazer. O Herói pode
ser valorizado dentro da família, mas nos olhos de outras pessoas é tido como
irresponsável, maduro e confiável. Geralmente tiram as melhores notas da
escola.
·
O Bode
Expiatório – É a ovelha negra... Nesta família alguém tem que levar a
culpa e também quem leva a culpa chama a atenção. “Falem mal, mas falem de
mim”.
·
O
Mascote – É a ovelha negra com pele de carneirinho, é o palhaço da
família. O mascote está disposto a fazer com que você ele mesmo, esqueça por
alguns momentos que a vida é
terrivelmente dolorosa. Muitas vezes aquele rostinho sorridente que tira o peso
da tensão com seu humor simplório, está mais triste por dentro do que qualquer
outro membro da família.
·
A
Criança Perdida – É o que mantém seus próprios conceitos. Enquanto o
herói está vencendo e o bode expiatório está se metendo em confusões, A criança
perdida não está sendo percebida. Não está presente. Ele não fala muito, nem se
junta com a turma. A criança perdida é boazinha. Constante, astuta e
“Insuportavelmente” boazinha.
·
O
Facilitador – Se não fosse pelos facilitadores a disfunção familiar não
poderiam existir por muito tempo. Eles não tem consciência disto. Até certo
ponto, todos os membros da família
disfuncional desempenham este papel. Por exemplo: A esposa de um alcóolico,
tenta a todo custo manter o problema em segredo mentindo ao padrão, dizendo que
o marido faltou ao trabalho porque estava doente e não pela bebedeira da noite
anterior. Ela limpa a sujeira coloca-o na cama, cobre os cheques sem fundo, e
muitas vezes o livra até da cadeia.
Independentemente de qualquer outro papel que elas
assumem, as crianças também se tornam facilitadoras. Na inocência, elas assumem
que todos os acontecimentos e estão de algum modo, ligados a seus
comportamentos e por isso, aceitam a mesma culpa e responsabilidades que suas
mães.
Elas, as crianças,
aprendem a ficar de boca fechada e desenvolvem intensamente os papeis acima
descritos. Isto é facilitar. A família se adapta as circunstâncias do adicto,
tornando tudo mais fácil, para que ele continue na ativa de sua dependência
química. Os familiares facilitam porque não sabem o que fazer , no entanto
teriam um bom domínio da situação se passarem a facilitar. O facilitador
desenvolve também papeis adicionais conforme a situação. Estes papeis são
apaziguador, o mártir, o salvador, o opressor e a vítima.
·
O
Apaziguador – Até uma criança bem pequena pode adotar um papel apaziguador.
O apaziguador vai tentar melhorar as coisas
de alguma maneira. Ele pode distrair e sair bancando o palhaço. Muitas
vezes ele é o herói. O apaziguador sabe o que dizer para tranquilizar os irmãos
menores, acalmar a mamãe, contornar o papai. Um negociador nato, o apaziguador
reconhece de longe as ondas que vão sacudir o barco da família e tentar
ajuda-la, podendo usar isto para uma “mentirinha”.
·
O
Mártir – O Mártir, vai pagar qualquer preço (Pessoal) para aliviar a
situação da família. O mártir sacrifica seu tempo, energia e felicidade para
manter a família unida e para fazer com que o dependente para de beber ou de se
drogar. Ele vai insistir durante cem anos, ele vai até o fim do mundo para
fazer com que asa coisas corram bem. “Correr bem” para o mártir, significa “ do
jeito que eu quero”. Ele vai se exaurir, enlouquecer, ou ambos. A única coisa
que o mártir não pode fazer é mudar de hábitos do dependente.
·
Salvador
– O Salvador vai salvar a situação, qualquer que ela seja. O salvador vai ter
dois empregos para poder pagar contas. Ele vai tirar o dependente da cadeia,
pagar o advogado, pagar o aluguel do jovem filho alienado e fazer o serviço que
de outro modo não seria feito. À primeira vista, salvador e mártir vão bem além
do salvamento. O que vai pela cabeça do mártir é o sacrifício. -“Você pode dar
mais! Seja abnegado e ignore o preço”. O Salvador salva. O que ele pensa é...”
Vamos logo! Vamos dar um jeito nessa emergência! Acobertar, minimizar o
prejuízo. Relegar isto rapidamente ao passado”.
·
O
Opressor – O Opressor diz “É tudo culpa sua” O opressor espalha
acusações para todos os cantos e só não culpa a si mesmo. Ele diz a todos os
membros da família o que estão fazendo de errado e deste modo eles não
atingiram a perfeição. O opressor não é uma pessoa agradável de se ter no mesmo
município.
·
Vítima-Coitada!
– Ela não merecia nada disto. A vítima poderia ser feliz, se nada disto
estivesse acontecendo. Ela é uma pessoa muito boa por dentro que se tornou
vítima de circunstâncias. Uma “Penalizada”. Este papel não pode ser confundido
com a verdadeira vitimização. Geralmente as verdadeiras vítimas não se veem
como tais: com uma carga tão intensa de auto piedade..
Como todo os quatro papeis pertencem ao facilitador, uma pessoa pode
fazer todos os papeis, de acordo com a situação do momento.
Enfim todos estes papeis: Mártir, Salvador, Vítima, Facilitador,
Apaziguador, Herói, Criança Perdida, Bode Expiatório, Mascote, ajudam os
co-dependentes e sobreviver às suas famílias e os seus membros aprendem a
desempenhá-los muito bem. Mas são papeis distorcidos. Ao serem aplicados fora
de situações disfuncionais no emprego, nas amizades, por exemplo, eles vão
funcionar e isto é um dos motivos do sentimento de inadequação dos
co-dependentes.
Fábio Orlando Storti - Psicoterapeuta